Como se eu tivesse escrito...



Ó Deus, estou confuso, desnorteado, inseguro, perturbado, triste. Pensei que esta crise iria acabar logo e ela não acabou. Sinto-me preso em uma cela sem janelas. Não vejo o sol há muitos dias. Só vejo sombras. A escuridão me rodeia. Não enxergo o que há de bom nesta vida.
Minha memória está contra mim. Não consigo me lembrar dos acontecimentos bons do passado. Por outro lado, minha mente está catalogando todas as lembranças, até pormenores desagradáveis, de acontecimentos maus.
Vejo sofrimento em toda parte, até onde ele não existe. Os maus sofrem e os bons também. Antes era assim, agora é assim e amanhã será assim.
Ando preocupado demais com meus familiares. Estou com medo de um adoecer, do casamento de outro se acabar. Imagino – alarmista – acidentes de trânsito ou acidentes morais envolvendo algum querido. Estou sensível demais. Meu amor por meus familiares anda estranho. É um amor nervoso, cheio de apreensões e esquisitices.
Tenho dificuldade de ler a Bíblia e de orar. A comunhão contigo, outrora fácil, está agora difícil. Aquela sensação de que tu me abençoavas dia após dia praticamente acabou. Estou vivendo pela fé e não por emoções. Minhas certezas estão em queda. Ainda me resta um pouco de bom senso, que estou segurando com ambas as mãos para que não se perca. Com esse resto de bom senso, estou lidando com minhas culpas. Estou resistindo, estou clamando, estou esperando.
Ó Deus, perdoa-me por me encontrar desse jeito. No momento, eu não sou eu. Sou outro. Sou um estranho até para mim mesmo. Sem dúvida, estou doente. Preciso de tratamento. Tem misericórdia de mim, Senhor! Cura-me totalmente. Torna a dar-me alegria, estabilidade emocional, segurança pessoal. Livra-me desta dor apertada no peito, de quem está assutado e medroso. Aumenta as minhas certezas e a minha fé. Aumenta a minha esperança de cura e a minha esperança de novos céus e nova terra, onde não haverá tristeza nem dor, nem guerras, nem mortes. Socorre-me nesta hora, ó meu Senhor. Peço-te este livramento em nome de Jesus! Amém.
Nome do texto: 

Clamor pela Alegria


Revista Ultimato setembro-outubro de 2011.

Nenhum comentário:

Postar um comentário