MANEIRAS ADEQUADAS DE FALAR COM AS CRIANÇAS



A comunicação abrange tudo o que falamos e de que maneira dizemos as coisas. Comunicamo-nos com olhares de reprovação ou com sorrisos, com ações, gestos, com um silêncio frio ou caloroso, bem como, com palavras amáveis ou indelicadas.
Dependendo da maneira como você se comunica pode favorecer ou prejudicar o desenvolvimento da criança.
Segue abaixo algumas orientações que facilitarão esta melhor comunicação.

ACEITAÇÃO DA CRIANÇA
Quando a criança sabe que você a aceita como ela é, possibilita seu crescimento, a modificar-se, e sentir-se bem a respeito de si mesma.
Aceitando a criança como ela é, torna-se fácil a comunicação com ela. A criança que se sente aceita será, provavelmente, mais capaz de dividir os seus sentimentos e problemas.
Nós podemos aceitar a criança sem necessariamente aprovar seu comportamento. Por exemplo, nós amamos e aceitamos "Sandra", mas nós não aceitamos seu comportamento quando ela perturba o bebê ou puxa o rabo do gato.

ESCUTE ATENTAMENTE
Evite distrações e preste atenção no que a criança está dizendo. As vezes, os adultos precisarão interromper qualquer coisa que estejam fazendo e escutar a criança. O que comumente vemos é o adulto dar "bronca" na criança porque ela o interrompeu numa conversa com outro adulto ou uma criança falando para um adulto que não está prestando a menor atenção no que a criança está contando, não interage, não faz perguntas, não ajuda o diálogo a se desenvolver. E a criança sabe que não está sendo ouvida. Será que ela se sente bem nessa situação? Como você se sentiria se fizessem isso com você?
O adulto mais próximo é sempre o modelo que a criança segue.

USE MAIS SIM DO QUE NÃO
Diga à criança o que ela pode fazer, em vez do que não pode fazer. O uso do sim mais do que não é muito difícil, especialmente se os adultos já tem o hábito de dizer não.
Exemplos: Os Não
Não coloque sua roupa no chão.
Não corra.
Não deixe o sabonete na água.
Não deixe a toalha cair no chão.

Os Sim
Segure sua roupa para ela não cair no chão.
Ande devagar, o banheiro está molhado.
Coloque o sabonete na saboneteira.
Pendure a toalha no cabide.

FALE COM A CRIANÇA E NÃO PARA A CRIANÇA
Ninguém, - incluindo uma criança pequena - gosta de ser mandado. Você pode dar ordens ao cachorro mas, tente falar com a criança.
Fale com ela e escute o que ela tem para dizer.
Sempre que se dirigir à criança para "cobrar" um comportamento, é  melhor fazê-lo usando uma linguagem na qual você se coloca e, espere a resposta.

Exemplos de maneiras corretas:
Eu preciso de ajuda para pegar as coisas do chão, agora.
Eu não gosto de ler histórias quando estou cansada.
Eu fico brava quando vejo sujeira no chão.
Eu não posso ouvir você com toda essa gritaria.

Quando você se coloca na ação, oferece à criança responsabilidade para modificação do seu próprio comportamento.

Maneiras não recomendadas:
Você está fazendo bagunça.
Você é uma praga.
Você devia se envergonhar.

Quando você sai completamente da ação do momento e vai para o julgamento, está errando enormemente. Atenha-se ao fato e ao ato, não a julgar a criança e inferir defeitos nela. Isso não a ajudará a entender a relação do fato ou ação que praticou com o certo ou errado e sim baixar sua autoestima, ter dúvidas sobre o seu amor por ela e ter certeza que ficou brava com ela mas não entenderá porque. Crianças pequenas não são analíticas e lógicas.

FAÇA PEDIDOS SIMPLES
Crianças pequenas tem dificuldade em lembrar de várias ordens dadas ao mesmo tempo.
Você se lembra quando teve que perguntar por um endereço numa cidade estranha?
Provavelmente você ficou confusa quando disseram: _ Siga seis quarteirões, vire à esquerda, passe pela construção de telhas cinzas, vire à direita no terceiro sinal, desca e rodeie o Palácio da Justiça.
"Sara", de três anos, ficará tão confusa quanto você ao ouvir a ordem: _ "Vá para o seu quarto e pendure suas roupas, mas primeiro pegue seus brinquedos e coloque o cachorro do lado de fora."
Provavelmente ambos, Sara e o cachorro irão desaparecer porta a fora porque "... coloque o cachorro do lado de fora" é tudo que Sara lembrará. Foi a última ordem que ela escutou e provavelmente a única que ela será capaz de se lembrar.

OBTENHA ATENÇÃO DA CRIANÇA ANTES DE FALAR COM ELA
As crianças conseguem concentrar-se somente em uma coisa de cada vez. Chame o nome de uma criança e dê a ela um tempo para que sua atenção se volte para você.
Exemplos:
_ João! (Espere que ele pare de jogar bola e olhe para você)
Depois diga:
_ o lanche será servido daqui a pouco.

_ Bruna. (Espere até que ela pare de brincar e olhe para você)
Depois acrescente: Vamos guardar os brinquedos agora.


COMUNICAÇÃO AO NÍVEL DO OLHAR 
O olhar melhora a comunicação. Quando se fala com crianças muito pequenas faz-se necessário alcançar o nível dos olhos dela ou sentar-se em uma cadeira ao seu lado. Os adultos tem que compreender o efeito que seu tamanho tem sobre a criança pequena. Como você se sentiria se um gigante com três metros de altura apontasse seu dedo indicador e olhasse firme para você?

FAÇA PEDIDOS IMPORTANTES COM FIRMEZA
Fale com firmeza, e dê a criança uma razão pela qual ela deve fazer o que você pediu naquele exato momento. Um pedido feito displicentemente leva a criança a pensar que você não se importará se ela fizer ou não o que você pediu.
E não saber o porquê daquele pedido ou ordem também não a ajudará a ampliar seu entendimento de mundo. Quando você explica o porque deste pedido ou daquela ação, fica muito mais fácil conseguir a ação com boa vontade da criança. Use explicações verdadeiras , claras e curtas.
A criança pode pensar somente uma coisa de cada vez. Quando ela estiver envolvida com seu brinquedo, torna-se difícil desviar a sua atenção para você. A criança também não gosta de ser interrompida na sua brincadeira da mesma maneira que você não gosta, quando está lendo sua revista predileta, que lhe perturbem.

DIGA "POR FAVOR", "OBRIGADO(A)" E "DE NADA" PARA AS CRIANÇAS
As crianças merecem a mesma cortesia que os adultos usam entre si. Elas aprendem por imitação os comportamentos sociais; nesse caso, a fala e o comportamento dos adultos.
Deixe que a criança aprenda a dizer "Por favor", "Obrigado (a), por imitação a você.
É um mau exemplo deixar de dizer "Por favor" a uma criança. Isto não é nada cortês.

NÃO USE PALAVRAS CRUÉIS QUE LEVEM A CRIANÇA A CHORAR
Palavras cruéis tem resultado infeliz, cortam a comunicação e produzem efeito na autoestima da criança.
Evite palavras cruéis que acabem tendo o efeito de:
RIDICULARIZAR: "Você está agindo semelhante a um bebê grande".
ENVERGONHAR: " Eu estou envergonhada de você."
ESTEREOTIPAR: "Você é um chato."
Palavras ásperas, faladas sem pensar nas consequências, fazem com que a criança sinta-se rejeitada.

USE PALAVRAS DE CARINHO PARA ENCORAJAR E FORMAR A CRIANÇA
Palavras carinhosas trazem bons resultados.
Elas dão à criança maior autoconfiança e ajudam-na a se comportar melhor, a esforçar-se para fazer o que você explicou, com calma, clareza, que é o certo.
Palavras ditas com amor, de forma carinhosa, comunicam respeito e criam um vínculo afetivo cada vez maior e uma atmosfera na qual os problemas podem ser discutidos abertamente e ser facilmente compreendidos.

A IMPORTÂNCIA DE UMA BOA COMUNICAÇÃO
A boa comunicação ajuda a criança a desenvolver autoconfiança (extremamente necessária para sua vida no presente e no futuro), sentimentos de autovalorização, bom relacionamento com outros adultos e crianças, além de ampliar seu vocabulário e oportunizar que experenciem situações de conflito sem traumas.
Isto faz da vida com os outros mais agradável e ajuda as crianças a crescerem felizes.

Baseado no livro "Ways to talk with young children" - de Betsy R. W. Schenck. Virgínia State University, ESA, 197ª. Traduzido por Iracema de Sá.

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